quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Horas quero

Tem hora que eu quero pintar
Em outra já quero escrever
Hora quero soltar uma pipa
Hora mudar o visual
Ou estudar um idioma
Hora quero fazer sexo
Outras só quero ir embora pra China
Uma hora dessas um amor
As vezes, por horas, só quero ficar sozinha
Depois, quase em seguida, todas as pessoas que amo
Toda hora eu quero amar
Toda hora quero sentir prazer
E sempre quero viver 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O pensar quando pensado


Tenho pensado que preciso
 de disciplina pra pensar.
Pensar sobre o pensar,
E, sobre o pensar pensado,
 E ainda sobre o pensar depois,
de um pouco tempo passado.

No que em ontem pensei certo
E hoje já penso errado
E nos erros que pensarei
E nos que não cometerei
Pelo ato de ter pensado

Só não consigo pensar no presente
O presente, só sei viver
Vivido já é passado!

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Caminho


Se algo moveu por dentro foi à insatisfação. Aquela agonia interna de saber que embora não saiba o que se quer, há a consciência nítida de que o disponível não é de modo algum, nem subsidiariamente o esperado e querido. Foi aí que se fundou o passo, inicialmente fraco, desordenado, posterior firme e ansioso. Mas com tanto caminho pra trás e pra frente surge a pergunta: Quanto ainda hei de andar? E na seqüência a resposta: Até que os olhos repousem numa beleza que mereça um tempo a mais de contemplação, sabendo que esse tempo a mais não significa parada, antes disso, pausa, até que aquela beleza murche ou entedie, e novamente a insatisfação impulsione na alma o movimento! Enquanto isso não ocorre é se deslumbrar com as peripécias do caminho. 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

E me faltam palavras...


Vontade de escrever um poema!
Mas, os sentidos sobram e as palavras faltam.
Quando tudo em mim ferve, 
as palavras de mim somem.

Passeiam em mim os desejos,
De sentir peles, 
Pulsar poros,
Transcender cores, e,
Sintetizar em palavras,
Mas as palavras, elas mesmas,
Não me passeiam agora.

Não tem problema:
Vou aproveitar a fervura,
Escaldar a alma!
Deixo as explicações para depois.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Tempo

Tem dia, que só travesseiro a alma quer!
Encostar os sonhos acordada, no riso ou no choro.
Tempos, em que o vento é a única coisa que importa, se na pele sossega brevemente.
Há dias tão largos, que não cabem nos dias e inventam histórias pra meses, ou anos a fio,
e os relógios ficam malucos porque o tempo passa sem passar.
Não gosto de relógios prendendo meu tempo!
Gosto quando curto meu tempo, e, não meu tempo é curto.

Na cidade

Quando lama no asfalto:
chega a dar nojo pisar!
Dá náusea a lama da cidade acinzentada de asfalto e de cimento!
Teve um dia em que lamei as minhas pernas num terraço do sertão,
enquanto banhava na chuva,
e foi bom, o barro molhado me lambuzar.
Brinquei de banho de beleza até, ri muito,
quase, quase comia areia,
mas deu alegria, não nojo!

Na cidade tudo fica meio de dar nojo!
Até pessoas.
Pessoas da cidade beijam no rosto
Em São Paulo uma, no nordeste duas, e em alguns lugares até três vezes,
mas não são capazes de dar abraços com o olhar!

Fora tudo isso, não há na cidade muitos passarinhos.
Na cidade é muito comum se Ser sozinho!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Breve desabafo


Desculpe o escancarado e honesto desabafo, mas, terapia tá cara, solidariedade tá pouca e tempo dos amigos tá curto, então me restam às palavras que podem ser escritas, e que embora não lidas depois de escritas possibilitam o alivio imediato.

Sei que não ta fácil pra ninguém, tem as infinitas crises pessoais, políticas e econômicas, os infindos desencontros e desacordos e as possibilidades de fazer ligas ou proporcionar encontros que nos livre dessa imensa solidão estão tão escassas. Tem também os retrocessos, aqueles sonhos que cultivamos, e que foram gravemente feridos, como a ideia que eu tinha de democracia, organização, diálogos, etc. E, sobretudo, esse estado de alerta constante, o medo de confiar, de baixar a guarda, de construir junto. Saber que algumas coisas inevitavelmente se repetem e esse repetir constante dos meus próprios atos, é como se viver fosse iniciar sempre (e acho que é isso mesmo), mas, que dá a sensação que o novo se esgotou.  A descrença na justiça, por ver que ela só é justa em raríssimos casos e que nenhuma “boa ação” fica sem sua devida punição, e nada feito sob o efeito da “má fé” fica sem sua recompensa. Somado a isso o descontentamento diante do trabalho já feito, a idéia vaga de que nada até agora deu em nada, e que o caminho tá errado mesmo, mas sem saber ao certo qual caminho seguir daqui pra frente.

Estou sim, extremamente pessimista e desorientada, e pior que o pessimismo é o medo de que esse prognóstico esteja certo. Mas o pior mesmo, o pior que eu poderia constatar é que estou inerte, o erro maior é meu, que por mais que faça muitas coisas, elas não são as reais ações, aquelas que fruto de uma reflexão se firmam no fato e refazem o ser, mas a inércia nem começa e nem termina em mim, ou, o extremo oposto, começa e termina em mim, enfim, mais uma dessas inúmeras coisas que não sei.

Aceito receitas e qualquer tipo de farmacopéia, dicas, números, pistas de descoberta, que me restaurem as esperanças. Aceito até mesmo substâncias ou métodos em período de testagem, posso ser cobaia se o risco for entre qualquer coisa e o fim do desespero.  

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

...

Nas pernas
Nos traços
Nas teias
E nos trapos
Refletem

Os gritos
Sussurros
Os risos
E murros
Repetem

E os passos:
Rasteiros
E o medo:
Certeiro
Submetem

O desejo,
Imenso
E parada
Eu penso

Penso...
Penso
Só!


domingo, 20 de outubro de 2013

O "si" de "nós"


A força dos fatos não imputava valor algum nos seus resultados! Todo o mundo e os acontecimentos que o cercava e, por conseguinte, influíam na mente, não implicavam uma ruptura com o indesejável. Antes disso, parecia que o indesejável se remodelava, trocava de roupas e se reapresentava no palco giratório da vida, ludibriando os sentidos, e nós, assistíamos extasiados como se isso fosse à novidade. Parávamos para observar os acessórios como se estes fossem o centro da mudança e só depois de muitos olhares, o que parecia mais imbecil de todos nós, descobria o cerne da contradição: isto era aquilo! Essa constatação nos enchia de revolta e desesperanças, ao ponto de acharmos que tudo era sempre a mesma coisa, as mesmas obsessões malditas que submergiam e nos afetavam de diferentes formas ao infinito. Mas aí também havia o engano, pois no centro de nós mesmos, havia algo inrevelado e profundo que era a possibilidade primeira de transformação, tendo que para isso antes, ser descoberto e coletivizado, tratado como individual coletivo, que sendo de cada um é também de todos. Tínhamos que aprender a ser em conjunto! Mas, ser em conjunto exigia certas cessões, certas abdicações, para nivelamento das vontades contraditórias, e isso doía e por doer nos afastávamos da autotransformação a secudarizando, e, colocando o outro como centro de mudança, inviabilizamos a revolução. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O Ser e o Tempo

Um dia foi, deixou de ser depois, mas pouco importava essa divisão entre o que era e já não é mais. O tempo era brinquedo que tentava organizar os fatos, mas o tempo sempre teve um incorrigível defeito, defeito mesmo de fabricação: era ineficiente as coisas que ocorriam por dentro da alma, ou nas gavetas do coração. O problema disso, é que deixou de ser mesmo sendo, e sendo por dentro tinha validade na mente, mas não nos gestos. Então, ao que era esfacelado, tratou-se de juntar os restos e fazer um emendado de colagem e costura. É isso mesmo baby, por mais que digam que o tempo cura, tem dor que se convive pra vida inteira porque resistente ela se remonta, se recupera e sempre dura.