segunda-feira, 15 de abril de 2013

Os meninos do trem II


Em Parauapebas as famílias deviam muito as prostitutas por existir. Eram formados pelas mulheres e seus filhos, filhos das obras. As obras nunca paravam, nunca parava também aquela necessidade teimosa das mulheres de sobreviver: se alimentar, morar, comer e dormir.

Vinham de vários lugares, as mulheres emprenhadas e os homens que emprenhavam, pra na beira da floresta tentar florescer uma nova vida. A maioria dos homens, após um tempo, ia embora. As mulheres ali ficaram com seus filhos sem pai e sem pátria, construindo a pulso e suor uma cidade que até hoje as nega.

Os meninos e meninas mal paridos nasciam como por acaso, viviam por teimosia sonhando em ir embora. Nos trens do dito desenvolvimento enfiavam suas esperanças, escondidas como sempre foram seus sonhos, e partiam sonhando chegar num destino onde começariam a viver o "felizes para sempre", assim como nos contos de fadas que as mães contavam entre soluços tentando fazê-los dormir. 

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