quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O andarilho


Levava nenhuma bagagem. Tudo que tinha e levava mundo a dentro era invisível: Histórias tecidas no tempo contadas entre sorrisos e lagrimas. Aprendizados de pessoas, lugares. Memórias de revoluções e revoltas, de luta cotidiana para existir no lugar do não lugar, no tempo onde o tempo não se impõe ou simplesmente é negado como necessário para organizar a vida (pelo menos o tempo dos relógios era negado, os tempos aceitáveis eram os de sarar as dores e de amadurecer o pensamento e esse tempo não podia ser contado por nenhum inventivo feito humano).
Um dia cuidava do outro  e ele cuidava do mundo, claro que bem ao seu modo: Desacelerando, compondo, criando festas que superassem os vendavais do modelo vigente. Era de toda parte e de parte alguma. Tinha família extensa,  dessa cujo os laços não são de sangue e sim do afeto criado pela superação coletiva dos problemas comuns, desses laços tecidos pela história vivida.
O vi tomando cerveja enquanto se preparava para outra ida no mundo. Contava histórias como quem quer lembrar o que não pode esquecer para viver o futuro sem medo. Foi e prometeu voltar pelas terras do mar, um dia, quem sabe!

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