quinta-feira, 28 de junho de 2012

O corpo como bandeira



Ser mulher trás uma série de cargas sociais e culturais construídas ao longo da história. Uma sociedade machista e sexista nos impôs um lugar de servidão, seja no campo dos trabalhos domésticos ou do prazer sexual, e costumeiramente somos vistas como meio e não como finalidade em si mesma.

Nós, no entanto, não estamos satisfeitas com esse lugar que nos foi dado, e historicamente resistimos aos mais diversos níveis, seja com o aborto numa gestação que não queremos, seja na luta pelo uso de calças compridas, seja na queima dos sutiãs ou no exercício livre da nossa sexualidade. Embora tentem nos enquadrar, não nos submetemos a isso, e não é de hoje.

 Não tão recentemente (embora a mídia sensacionalista tenha dado zoom a essa questão a menos de duas semanas) temos usado nossos corpos despidos como forma de visibilizar nossa insatisfação diante dessa sociedade que nos oprime e nos nega até o acesso ao nosso corpo. 

Prova dessa negação é que a maioria das mulheres nunca se masturbou ou olhou para a própria vagina, somos criminalizadas se abortarmos e o mercado utiliza-se dos nossos corpos para lucrar, seja com a venda de pornografia seja com a industria estética que nos impõe um padrão de beleza associado a felicidade e plenitude.

Quando mostramos nosso corpo despido dizemos com ele não a tudo isso. Não a violência doméstica sexista que nos marca como gado não só na pele, mas sobretudo na subjetividade. Não ao padrão de beleza que marginaliza a maioria de nós provocando ansiedade e depressão, quando sabemos que beleza não se encaixa em um peso ideal, altura ideal cor de olhos, ou, o caralho de asa que seja.  Dizemos não aos estupros sequentes do nosso corpo, que a história tenta esconder mas que não se pode negar.

 Negamos o lugar dado e dizemos em bom tom que nosso corpo nos pertence e que podemos fazer dele o que quisermos.

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