Se era cedo ainda, não sabia, mas o impulso veio e ela foi. Não
recolheu os cacos espalhados pelo chão, não se sentia responsável por eles e até
a sua lembrança causava-lhe náuseas. Talvez, fossem eles o motivo da repentina
decisão de partir.
Antes de ir, seus pés quase que por conta própria a levaram
aquela rua. Justo aquela onde a memória queria acender explosivos e assassinar
a história. E naquela rua ela viu pela ultima vez aqueles olhos, e naquele
exato momento percebeu quanto o passado não fazia sentido, e quanto ela
hiperdimensionara a sua dor por medo de não ter mais nada o que sentir.
Dada essa consciência repentina seguiu com os olhos na
estrada e o coração leve como cheio de borboletas, pronta para a vida que podia
ser surpreendente mas efetiva e claramente será nova.
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