Quando comecei a obra de mim
mesma tentei fazer com capricho. Cada gesto, movimento, sonho, ideia, foi minuciosamente
constituído. O alicerce escolhido – as experiências, o material foi diverso: um
tanto de esperança, uma carrada de leitura, meio metro de sonhos e um metro e
meio de realidade, uma saca e meia de bom senso, dois milheiros de afetos, três
quilos e meios de opinião, no entanto no depósito da vida faltavam alguns
materiais que eu julgava necessários e o vendedor distraído (chamado
curiosamente de destino) mandou-me no lugar dos materiais solicitados um tanto
de desconfiança, dois metros de mágoa, três medidas de arrogância e uma e meia
de ironia.
Embora não fosse o material que eu julgava
ideal, ansiosa iniciei a construção. Comecei fazendo os olhos para poder ver
bem o andamento da obra e para poder observar outras edificações mais avançadas
que a minha e inspirar-me para o trabalho. Depois fiz meus pés, com confiança e
entusiasmo, um pouco de coragem e um tanto de firmeza para que me levassem aos
lugares corretos sem vacilar. Fiz as pernas, abdômen, seios, braços, mãos,
enfim, não me deterei aos detalhes de toda construção, fiz tudo que acreditei
precisar. No entanto na hora de fazer a ultima coisa, as costas, percebi um
erro de engenharia,os olhos situados na parte da frente me impediam de ver perfeitamente
como estava ficando o acabamento.
Pára tentar remediar tentei
um jogo de espelhos, a solução possível no momento, porém além de não
possibilitar uma visão nítida fazia com que eu visse outras coisas e pessoas e confundisse
comigo mesma. Isso causou uma confusão por que as vezes achava algo feio e
pensava que era em outra pessoa mas era em mim mesma, uma loucura.
Mesmo assim não parei a
obra, e hoje semi-construída ainda tenho problemas com a construção, que tentarei
relatar. Algumas pessoas mais próximas dão-se a contemplar a minha obra,
processo natural de quem está perto e se importa, e quando olham as costas...
são tantas críticas que só eu sei... e eu não tenho sido muito paciente com
tudo isso, porque não consigo ver com exatidão o que as pessoas me falam estar
defeituoso e acabo sempre me irritando.
Sei que minha obra não foi
perfeita e quero continuar com vários reparos, por exemplo, queria trocar toda
a desconfiança utilizada por segurança e senso crítico, quando chove a
desconfiança faz com que fique um ruído insuportável em toda a obra. Quero ainda
trocar o arrogância e a mágoa por um material de melhor qualidade porque ambas
enferrujam muito rápido, além de provocar problemas em toda a obra que são
muitas vezes quase irreparáveis, e, principalmente quero consertar a tal parte
das costas, mas sozinha não consigo por todas as questões que já expus.
Aí entra outro grande
problema como eu estou me fazendo para mim quero ajuda, mas quero que o projeto
seja meu, afinal sou eu que me habito, e a grande maioria das pessoas quando vêem
os defeitos das costas querem colocar costas novas e completamente diferente de
todo o resto do projeto. Então por enquanto a reforma está em suspenso e
procuro mestres de obras dispostos a contribuir com o projeto sem a pretensão
de ser o idealizador. O pagamento se dará mediante gratidão, afeto e
reciprocidade caso os mesmos sintam necessidade. Quem conhecer alguém interessado
favor avisar por quaisquer meios minimamente compreensíveis.
Posso ajudar na obra? Prometo não idealizar tanto, mas contribuir, pode ser que isso me ajude e me reconstruir tbm!!!
ResponderExcluirLídia, quanto tempo! E uma visita a Salvador, quanto vens? Abraços
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