segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ela, os riscos e a vida

Era noite e suas pálpebras pesavam sob seus olhos materializando o cansaço que sentira durante todo o dia. Fatalmente não poderia descansar e por mais que pudesse não conseguiria fazê-lo, havia agora de se dedicar aos seus estudos diários após um exaustivo dia de trabalho. O fato é que por mais que tentasse não conseguia se dedicar a leitura que escolhera para o dia. As informações dançavam em sua cabeça que por sua vez parecia girar como um carrossel. Mas ela continuava tentando. Ela sempre foi dessas que tentava até o fim, e sempre tinha que concluir suas tarefas. Nunca fugiu a regra, nunca infligira a lei, nunca faltou o trabalho por motivo de doença não estando doente de fato. Ela era desse tipo certinha, regrada e comedida. Não devia mais que pudesse pagar (embora ganhasse muito pouco). Não bebia. Não fumava. Sexo só ocasionalmente (se tivesse um parceiro fixo o que significava mais de dez encontros ininterruptos).

Ela, tinha nome e tempo, tinha endereço, telefone, emprego (carteira assinada), tinha vários números (banco, identidade, cartão de credito, CPF, etc.), tinha família (e grande), casa e alguns (não muitos) amigos e não se sentia segura. A incerteza rodeava todos os seus momentos, o medo penetrava suas entranhas fazendo dela um ser murcho e sem vida.

Ela precisava de algo mais que tudo, porém não sabia do que.  Nesse dia de cansaço e desorganização mental lhe veio a luz: Ela precisara do perigo. Desde esse dia não parou mais de se arriscar e nunca mais foi infeliz. 

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