sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

ESCREVER

Tenho que escrever. Cotidianamente preciso escrever, assim como em uma maldição naquelas histórias que lia quando criança, os contos de fada onde as princesas eram acorrentadas a uma maldição que as condicionava a uma vida de sofrimento até que alguém (um príncipe encantado) a salvasse. No meu caso existem diferenças fatais: 1º estou muito distante da angelical feição e perfeccionismo das princesas dos contos e não raramente a maldição que é escrever expõe todos os meus defeitos tornando-a ainda mais maldita e 2º ninguém pode me salvar dessa desgraça e se pudesse fatalmente não o faria pelos motivos expressos no item 1º. Voltando ao assunto, preciso escrever sempre, assim como se dentro (e fora) de mim uma voz gritasse angustiada e continuamente: - Escreva. Conte o mundo. Conte a vida. Conte você. Essa voz não se cala e me impede de realizar as minhas atividades cotidianas até que eu a obedeça, aí, ela silencia, por alguns minutos, as vezes horas, e depois, retorna aos poucos. Inicia com sussurros quase inaudíveis que paulatinamente vão aumentando até novamente se tornar insuportável.

Escrever é como se fosse um veneno que tomo pra me livrar da vida e ao mesmo tempo o correspondente antídoto que empurra a viver.

Um comentário:

  1. Lídia,
    comigo acontece algo parecido. As histórias ficam ali, agitadas, querendo sair, os personagens como que reclamam seu espaço. Quando o tempo não ajuda eu fico ali, ruminando histórias, arrematando detalhes. Somos assim, criaturas reféns das palavras..

    ResponderExcluir