Desculpe o escancarado e honesto desabafo, mas, terapia tá cara,
solidariedade tá pouca e tempo dos amigos tá curto, então me restam às palavras
que podem ser escritas, e que embora não lidas depois de escritas possibilitam
o alivio imediato.
Sei que não ta fácil pra ninguém, tem as infinitas crises
pessoais, políticas e econômicas, os infindos desencontros e desacordos e as possibilidades
de fazer ligas ou proporcionar encontros que nos livre dessa imensa solidão estão
tão escassas. Tem também os retrocessos, aqueles sonhos que cultivamos, e que
foram gravemente feridos, como a ideia que eu tinha de democracia, organização,
diálogos, etc. E, sobretudo, esse estado de alerta constante, o medo de
confiar, de baixar a guarda, de construir junto. Saber que algumas coisas inevitavelmente
se repetem e esse repetir constante dos meus próprios atos, é como se viver
fosse iniciar sempre (e acho que é isso mesmo), mas, que dá a sensação que o
novo se esgotou. A descrença na justiça,
por ver que ela só é justa em raríssimos casos e que nenhuma “boa ação” fica
sem sua devida punição, e nada feito sob o efeito da “má fé” fica sem sua
recompensa. Somado a isso o descontentamento diante do trabalho já feito, a idéia
vaga de que nada até agora deu em nada, e que o caminho tá errado mesmo, mas
sem saber ao certo qual caminho seguir daqui pra frente.
Estou sim, extremamente pessimista e desorientada, e pior
que o pessimismo é o medo de que esse prognóstico esteja certo. Mas o pior
mesmo, o pior que eu poderia constatar é que estou inerte, o erro maior é meu,
que por mais que faça muitas coisas, elas não são as reais ações, aquelas que
fruto de uma reflexão se firmam no fato e refazem o ser, mas a inércia nem começa
e nem termina em mim, ou, o extremo oposto, começa e termina em mim, enfim,
mais uma dessas inúmeras coisas que não sei.
Aceito receitas e qualquer tipo de farmacopéia, dicas, números,
pistas de descoberta, que me restaurem as esperanças. Aceito até mesmo
substâncias ou métodos em período de testagem, posso ser cobaia se o risco for
entre qualquer coisa e o fim do desespero.
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