Quando o silêncio ou os monossílabos
viram as respostas para as entrelinha, não há mais porque gastar palavras de
nenhum dos lados. Eis o cenário em que se instaura uma interrogação no centro
do desejo. Aqui o desejo deixa de sê-lo
porque não pode suportar a racionalização. É um disparate crer que a vontade
pode se subordinar a razão, um disparate por não querer assumir que aquele fogo
todo virou cinzas, que não pode mais ser sustentado, e que por mais que as
poucas brasas que restam possa reascender uma chama imensa não há mais
disposição para alimentar aquele fogo e ter o trabalho de provocar o vento
necessário para o processo de combustão anterior se reintegrar. Mesmo porque
outras fogueiras acenderam outros campos da vida.
Ficamos por assim dizer muito
mais estimulados a guardar na lembrança o Eros perdido, jurando eterno o que se
tornou inútil.
Mas há a quem esse resto seja
tudo o que tem, e o desespero pela falta do fogo cria uma enlouquecida
compulsão de soprar as brasas tentando reanimar as chamas, sem saber que amor
algum se sustenta sem sua devida utilidade.
Somos no fim das contas resumidos
a vil proporção do que podemos oferecer e a mais que isso uma história a
futuramente ser contada ou escrita. Todo o dito mistério do afeto humano
resumido a condição de serviço e da relação custo –beneficio.
Eis tudo e nada mais!
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