terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

des - ilusão


Quando o silêncio ou os monossílabos viram as respostas para as entrelinha, não há mais porque gastar palavras de nenhum dos lados. Eis o cenário em que se instaura uma interrogação no centro do desejo. Aqui  o desejo deixa de sê-lo porque não pode suportar a racionalização. É um disparate crer que a vontade pode se subordinar a razão, um disparate por não querer assumir que aquele fogo todo virou cinzas, que não pode mais ser sustentado, e que por mais que as poucas brasas que restam possa reascender uma chama imensa não há mais disposição para alimentar aquele fogo e ter o trabalho de provocar o vento necessário para o processo de combustão anterior se reintegrar. Mesmo porque outras fogueiras acenderam outros campos da vida.
Ficamos por assim dizer muito mais estimulados a guardar na lembrança o Eros perdido, jurando eterno o que se tornou inútil.
Mas há a quem esse resto seja tudo o que tem, e o desespero pela falta do fogo cria uma enlouquecida compulsão de soprar as brasas tentando reanimar as chamas, sem saber que amor algum se sustenta sem sua devida utilidade.
Somos no fim das contas resumidos a vil proporção do que podemos oferecer e a mais que isso uma história a futuramente ser contada ou escrita. Todo o dito mistério do afeto humano resumido a condição de serviço e da relação custo –beneficio.
Eis tudo e nada mais! 

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